FOTO CLAIRE CELESTE
Mulheres modernas e o sonho do casamento
|Texto Alessandra Pereira
A mulher do século XXI é surpreendente. Em meio a conquistas por igualdade de direitos e da sua agitada vida moderna, ela voltou a sonhar em se casar como nos contos de fadas. Claro que a construção desse sonho se moldou após conflitos anteriores, onde o casamento era sinônimo de abnegação do feminino e até escravidão aos preceitos sociais. Hoje ele vem representado pelo genuíno e espontâneo desejo de se unir ao ser amado.
A princesa que chega ao altar não é uma donzela frágil em busca de um príncipe para salvá-la. Ela quer um companheiro, um parceiro de vida e alguém que ela escolheu para construir uma família. Ela conhece sua força e sabe muito bem o que quer, sem querer agregar todas as responsabilidades do mundo, mas sim compartilhar com seu marido. Os desenhos animados da princesa em apuros resgatada por um belo príncipe ficaram para trás, mas a sua beleza e o romantismo estão mais vivos que nunca.
A mulher na história do casamento
O casamento é uma das instituições mais antigas da humanidade e que vem passando por várias transformações ao longo de sua história. Formado para ser uma união entre duas pessoas com fins políticos, sociais, religiosos ou amorosos, em geral a mulher sempre teve uma posição passiva, subserviente ao marido e moeda de troca para casamentos arranjados.
As famílias viam no casamento formas de criar alianças para conquistar grupos de interesses, tais como eram realizados com os nobres e a realeza. Para os mais ricos, era uma forma de manter suas fortunas e até aumentá-las, sem correr riscos de aventureiros. A família do noivo tinha o poder de escolha e selecionava àquelas que consideravam mais adequadas, negociando a oficialização da união e até recebendo dotes.
A ideia do consentimento entre os noivos foi uma iniciativa da igreja católica. O Decreto de Graciano de 1140 inclui a manifestação voluntária de união do casal e que mais tarde se tornou uma condição para a realização de todos os tipos de casamento. Mas ainda assim a mulher não tinha uma posição favorável sobre essas escolhas, se restringindo a mera obediência sobre sua família e noivo.
Inclusive, a estabilidade intencional do casamento era para perpetuar os laços entre esses grupos determinados, tornado o casamento irrevogável e de impossível dissolução. Apenas a morte de um dos cônjuges permitia que a outra parte se casasse, mas ainda assim a mulher se mantinha numa posição inferior e se sujeitando a casamentos ainda mais conflituosos.
O divórcio só se estabeleceu com a necessidade da união civil para que o Estado pudesse atestar direitos e heranças. Mas o papel da mulher só se agravou: a viúva ainda mantinha espaço e voz numa família como a matriarca, mas a divorciada era expurgada e impedida de frequentar locais públicos, o que não acontecia com o homem.
Com a solidificação do feminismo, a mulher passou a entender o seu papel e a se posicionar sobre suas escolhas. Além da luta por igualdade de direitos, ela passou a ter total controle sobre sua sexualidade, a escolher quem e quantos parceiros quer ter e até se quer ou não se casar, rompendo com essa obrigatoriedade.
Até o fim do século XX o casamento ficou próximo ao ostracismo e as cerimônias cada vez mais raras. Mas bastou a virada do milênio para o ritual ser revisto e reintroduzido na nossa sociedade, sem a rigidez e a imposição de antes. Os motivos são outros, o de festejo e comemoração a uma vida a dois, mas resgatando e repaginando tradições como o vestido de noiva, o bolo e a chuva de arroz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário